segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O “Efeito Mozart” - como a música encanta o nosso cérebro

O “Efeito Mozart” é um termo abrangente que se refere ao poder que a música tem para melhorar a saúde, a educação e o bem-estar geral. A investigação com a música de Mozart teve início em França no final da década de 50, quando o Dr. Alfred Tomatis iniciou as suas experiências com estimulação auditiva para crianças com problemas de comunicação. Nos anos 90 já era possível encontrar centenas de centros em todo o mundo que usavam a música de Mozart para ajudar as crianças com dislexia, perturbações da fala e autismo.

Também nos anos 90, na Universidade da Califórnia começaram a ser realizados estudos com a música de Mozart para avaliar a inteligência espacial. Em 2001, em Inglaterra, outros estudos foram iniciados para avaliar os seus efeitos na Epilepsia.

Mas podemos então perguntar  “Porquê a música de Mozart?”

Têm sido apontadas características como a clareza, a forma, a excelência e a frequência para seleccionar as músicas. Com base no trabalho do Dr. Tomatis foi escolhida a música com frequências altas para estimular o cérebro. Por outro lado, se o objectivo for o relaxamento as composições são mais lentas e não incluem as frequências altas. Ou seja, as músicas são seleccionadas de acordo com várias características da música mas também pelo tipo de resposta fisiológica e psicológica que suscitam, tendo assim efeito sobre as respostas físicas e emocionais.

Em contexto clínico os estudos indicam que a música pode reduzir o stress causado pelo estado de doença, revitalizar, servir de inspiração aos doentes e reduzir a dor. Não se trata de uma cura para a doença, no entanto há já bastante investigação a comprovar a importância da estimulação auditiva na promoção da saúde.

O ouvido desempenha funções essenciais para o equilíbrio, a linguagem, a expressão e a orientação espacial. Há várias áreas do cérebro que são sensíveis à música e por isso faz sentido considerar que esta possa ser muito útil e eficaz em contexto terapêutico.

Sabe-se agora que estes resultados não são específicos das composições de Mozart e que há critérios de eficácia importantes que são encontrados também em outras composições. São necessários mais estudos para dar consistência a estes resultados mas é de notar alguns dados sobre o Efeito Mozart por exemplo na Epilepsia, nos quais se verificou que pacientes com epilepsia que ouviram uma determinada sonata de Mozart tiveram uma diminuição significativa na actividade epileptiforme, verificada por Electroencefalograma (EEG).  Também através de estudos de EEG, foi possível verificar que a mesma sonata de Mozart melhorava a sincronia cerebral e alterava as ondas cerebrais em determinadas áreas.

Com o tempo e os avanços na investigação têm sido identificadas explicações com base neurológica, psicológica e sensorial. No entanto, os resultados do Efeito Mozart são ainda controversos e é importante continuar a investigação nesta área. Mas este percurso tem permitido reforçar a ideia de que a música é de extrema importância para o nosso cérebro e tem efeitos importantes na regulação física e emocional.

É necessário ler os resultados dos estudos com a devida cautela e com bom senso, mas penso que é positivo manter a receptividade para o papel que a música pode ter na saúde e bem-estar em geral, assim como na aprendizagem e aquisição de competências cognitivas. A música é sem dúvida uma ferramenta valiosa e acessível a todos, que pode e deve estar presente  na nossa vida (em casa, na escola, no trabalho, no lazer, nos centros terapêuticos, etc.).

Vera Martins

Referências
The Mozart Effect, Journal of the Royal Society of Medicine, Vol. 94, April 2001, pp 170 - 172.
The Mozart Effect, Tapping the Power of Music to Heal the Body, Strengthen the Mind and Unlock the Creative Spirit. Citado em http://www.mozarteffect.com/


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