terça-feira, 11 de outubro de 2011

Criatividade - Agite antes de usar!


Não vale a pena esconder, a criatividade é um processo que me fascina! É para mim tema de grande interesse, quer na sua dimensão mais prática quer numa óptica mais teórica. E é disso que falarei neste texto, prometendo passar à prática sem massar demasiado os meus leitores com a teoria.

A criatividade é uma actividade fundamental do processamento de informação e a sua definição contém duas características importantes: a novidade e a utilidade. Assim, a criatividade é a capacidade de produzir trabalho que é ao mesmo tempo novo e adequado à função para o qual foi criado. A criatividade assenta em processos mentais comuns e, por isso, a cognição criativa tem sido alvo de estudo das ciências cognitivas e das neurociências.

O processo criativo é o paradigma da flexibilidade cognitiva. Com criatividade conseguimos quebrar os padrões mais convencionais de pensamento para adoptarmos novas regras e afastarmo-nos assim da solução mais óbvia e comum.

É ainda importante dizer que, apesar de ser um processo cognitivo, a emoção desempenha um papel muito importante no funcionamento do processo criativo. Não é por acaso que tudo tem solução quando estamos apaixonados!

Mas então como podemos “agitar” a criatividade?

Existem muitos exercícios para promover a criatividade. O próprio leitor poderá procurar na internet ou nas livrarias material sobre este tema. E há exercícios para serem usados em contextos muito diferentes como trabalho de equipa, arte, ciência, ensino, etc.

Escolhi trazer hoje um exemplo que me parece que poderá ser útil em vários contextos e acessível a todas as pessoas. Este exercício é conhecido por  “SCAMPER” e na verdade é o acrónimo criado por Bob Eberle para representar um conjunto de questões que ajudam a gerar ideias novas. Algumas destas questões já tinham sido introduzidas no processo criativo por Alex Osborne, o “pai” do Brainstorming.

SCAMPER é o acrónimo para as seguintes questões:
(O acrónimo resulta bem em Inglês mas nem tudo resulta tão bem em Português, esta tradução é uma adaptação minha e tentei manter as palavras o mais próximo possível do original.)

S - Substituir - O que posso dispensar, eliminar ou subtrair?
C - Combinar - Como posso combinar X com Y? O que aconteceria se eu combinasse esta ideia com outra ideia?
A - Adaptar - E se eu mudar isto para poder adaptar?
M - Modificar ou Maximizar - Como posso modificar isto?
P - Por a uso para outros fins - Além da função habitual como posso usar isto? (Ideia muito usada em arte e decoração!)
E - Eliminar ou minimizar - O que posso eliminar? O que acontece se eu reduzir isto?
R - Rearranjar - Reverter - E se eu inverter isto? Se vir isto ao contrário? Por exemplo, de trás para a frente, imagem em espelho, etc.

Dizia Joel Arthur Barker: “Visão sem acção é apenas um sonho. Acção sem visão é apenas um passatempo. Visão com acção pode mudar o mundo!”

Então vamos criar e mudar o mundo!

Vera Martins

Dedico este texto à minha querida amiga Teresa Chuva, que deu hoje à luz o seu principezinho porque não há processo criativo mais deslumbrante do que criar vida!

Referências:
Arne Dietrich (2004) The cognitive neuroscience of creativity, Psychonomic Bulletin & Review, 11 (6), 1011 - 1026.

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